quinta-feira, 12 de abril de 2012

Quando nós "nos deixamos".

Deixei-o ir embora.
Não acenei, não fui atrás e muito menos implorei. Se pudesse retratar esse acontecimento em cenas reais, seria mais um daqueles dramalhões cults, onde a moça esquisita e bonita fica sentada e olhando o moço ir embora. Eles, antes da separação, ficam se encarando, mas não é dita uma palavra sequer. Na verdade ela mais desvia o olhar para outros pontos focais, enquanto que ele fixa o dele em seu rosto, na espera de uma tentativa de volta. Ele se levanta meio desajeitado e sai andando em direção oposta. Ela continua do mesmo jeito, sem mexer uma parte do corpo, apenas deixando as poucas lágrimas caírem. Ela sente a ida dele, mais do que ter que virar e presenciar a cena. Está dentro dela aquela separação. Mas a inércia é tão grande que, diga-se de passagem, naquele momento ela seria capaz de perder diversas pessoas importantes por causa da falta de atitude.
Em um ato de superioridade - falsa superioridade - ela levanta a cabeça, enxuga aquelas lágrimas e pensa consigo mesma que dali pra frente tudo vai ser diferente. Mesmo sabendo que doía mais do pudesse explicar, que dá vontade de abrir o peito e tirar aquele sentimento com as mãos.
E em seu íntimo estava a grande vontade de que ele pudesse segurar suas mãos e dizer que não ia embora, mas ele era um grande homem. Por isso, enquanto a dor da perda era grande, também tinha o prazer de ter tido em sua vida uma pessoa como ele. 

Mas dessa vez, de forma inédita, ela assumiu o posto de moça segura. Ter ficado de costas enquanto ele ia embora foi uma das suas melhores atuações, embora triste. Ainda havia amor, mas não havia vontade de prolongar o sofrimento, ela sabia que a melhor atitude seria não ter atitude. Racional demais para uma fiel representante da intensidade. E agora eles andavam em caminhos opostos, mesmo já tendo compartilhado desejos de uma vida conjunta. 

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